A CARTILHA DO BOM PROFESSOR NA PÓS-MODERNIDADE
Ao pensarmos, educadores e educadoras, que postura devemos adotar na viagem ininterrupta em direção a excelência de nossa prática docente, com certeza, o inconformismo é a postura mais essencial e construtiva tanto para os educandos quanto para a sociedade.
O educador conformado é alguém intelectualmente morto, e morta está sua criticidade e capacidade de relacionar conhecimento e mundo. Morta sua racionalidade ética, crítica e intelectual, não estabelece a rede de conexões tão imprescindível ao domínio das formas de interpretação da realidade pelo educando.
As teorias pós-estruturalistas (definidas também por alguns como pós-modernas) têm apontado na direção da desconfiança e da denúncia de um pensamento único, simulacro de um simulacro de realidade. Na educação, a característica do pós-estruturalismo é o inconformismo e o repúdio a noções de verdades absolutas. Estas, por sua vez e insistentemente, constroem na percepção social o modelo de bom professor, modelo este que, diga-se de passagem, transfere ao educador toda a responsabilidade pelo êxito ou fracasso do processo pedagógico.
Mas o bom professor não se constitui (apesar do que acredita o senso-comum) pelo dom da docência, oratória, desprendimento intelectual, criatividade ou seja lá que características queiram embutir nesse modelo imaginário e sobrecarregado de qualidades super-humanas. O bom professor se constitui daquilo que lhe permita ser um bom profissional, ou seja, das condições e recursos pedagógicos que tornem possível garantir uma educação de qualidade. E se esse professor é da Rede Pública Estadual, então! Uma educação pública de qualidade_ como é direito de educandos e educadores, anseio da sociedade, dever do Estado.
Por condições pedagógicas entendemos a garantia de um espaço escolar adequado às necessidades de permanência, circulação e higiene de educandos e trabalhadores em educação. Esse ecossistema não pode ser um espaço de confinamento e superlotação. Não há como garantir qualidade no processo de ensino quando o ambiente onde se deveria constituir o aprendizado amontoa alunos e professores por 800 horas em 200 dias letivos.
Da mesma forma, se a garantia de um espaço adequado ao aprendizado é fator substancial para a qualidade da Educação Pública, também, a um só tempo, a garantia permanente e incondicional de toda sorte de recursos, a formação profissional, o compromisso com uma política salarial séria, o respeito ao plano de carreira e a defesa da gestão democrática, são princípios imprescindíveis. A ecologia escolar não dispensa estes fatores nem sobrevive por muito tempo com sua mera formalidade.
Neste sentido, figura absurda a compreensão que transfere a responsabilidade do processo pedagógico para o educador, como se este, em tempos de modernidade líquida, fosse capaz de concentrar as atenções adolescentes utilizando nada mais do que sua voz, livro didático e quadro de giz.
Por mais que secretárias(os) de educação apontem investimentos na educação pública a verdade é que as escolas estaduais do País_ e, em nosso prejuízo, do RS _ não oferecem condições de trabalho que sejam compatíveis com as necessidades da prática de ensino. Há uma relação inversamente proporcional entre o que é cobrado do educador de escola pública e o que lhe é oferecido para educar.
Na contramão da pedagogia da cartilha só se pode concluir, então, que não vivemos a era do conhecimento. Vivemos a era da ignorância. Vivemos o paradoxo segundo o qual o Estado responsabiliza e cobra eficiência do mesmo educador ao qual abandona. Empobrecidos e abandonados, somos a caricatura fratricida de uma disputa por vídeo entre colegas, ou, não menos trágico, de tentativas de convencer a turma que, nas longas esperas do agendamento, só quadro e giz.
Ao pensarmos, educadores e educadoras, que postura devemos adotar na viagem ininterrupta em direção a excelência de nossa prática docente, com certeza, o inconformismo é a postura mais essencial e construtiva tanto para os educandos quanto para a sociedade.
O educador conformado é alguém intelectualmente morto, e morta está sua criticidade e capacidade de relacionar conhecimento e mundo. Morta sua racionalidade ética, crítica e intelectual, não estabelece a rede de conexões tão imprescindível ao domínio das formas de interpretação da realidade pelo educando.
As teorias pós-estruturalistas (definidas também por alguns como pós-modernas) têm apontado na direção da desconfiança e da denúncia de um pensamento único, simulacro de um simulacro de realidade. Na educação, a característica do pós-estruturalismo é o inconformismo e o repúdio a noções de verdades absolutas. Estas, por sua vez e insistentemente, constroem na percepção social o modelo de bom professor, modelo este que, diga-se de passagem, transfere ao educador toda a responsabilidade pelo êxito ou fracasso do processo pedagógico.
Mas o bom professor não se constitui (apesar do que acredita o senso-comum) pelo dom da docência, oratória, desprendimento intelectual, criatividade ou seja lá que características queiram embutir nesse modelo imaginário e sobrecarregado de qualidades super-humanas. O bom professor se constitui daquilo que lhe permita ser um bom profissional, ou seja, das condições e recursos pedagógicos que tornem possível garantir uma educação de qualidade. E se esse professor é da Rede Pública Estadual, então! Uma educação pública de qualidade_ como é direito de educandos e educadores, anseio da sociedade, dever do Estado.
Por condições pedagógicas entendemos a garantia de um espaço escolar adequado às necessidades de permanência, circulação e higiene de educandos e trabalhadores em educação. Esse ecossistema não pode ser um espaço de confinamento e superlotação. Não há como garantir qualidade no processo de ensino quando o ambiente onde se deveria constituir o aprendizado amontoa alunos e professores por 800 horas em 200 dias letivos.
Da mesma forma, se a garantia de um espaço adequado ao aprendizado é fator substancial para a qualidade da Educação Pública, também, a um só tempo, a garantia permanente e incondicional de toda sorte de recursos, a formação profissional, o compromisso com uma política salarial séria, o respeito ao plano de carreira e a defesa da gestão democrática, são princípios imprescindíveis. A ecologia escolar não dispensa estes fatores nem sobrevive por muito tempo com sua mera formalidade.
Neste sentido, figura absurda a compreensão que transfere a responsabilidade do processo pedagógico para o educador, como se este, em tempos de modernidade líquida, fosse capaz de concentrar as atenções adolescentes utilizando nada mais do que sua voz, livro didático e quadro de giz.
Por mais que secretárias(os) de educação apontem investimentos na educação pública a verdade é que as escolas estaduais do País_ e, em nosso prejuízo, do RS _ não oferecem condições de trabalho que sejam compatíveis com as necessidades da prática de ensino. Há uma relação inversamente proporcional entre o que é cobrado do educador de escola pública e o que lhe é oferecido para educar.
Na contramão da pedagogia da cartilha só se pode concluir, então, que não vivemos a era do conhecimento. Vivemos a era da ignorância. Vivemos o paradoxo segundo o qual o Estado responsabiliza e cobra eficiência do mesmo educador ao qual abandona. Empobrecidos e abandonados, somos a caricatura fratricida de uma disputa por vídeo entre colegas, ou, não menos trágico, de tentativas de convencer a turma que, nas longas esperas do agendamento, só quadro e giz.
Paulo César MachadoProfessor de HistóriaGuaíba-RS
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